quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Censura Velada: Deputado do PC do B, aliado do PT, protocola projeto na Assembleia de Minas para criar o controle da imprensa em Minas

Assembleia.Deputado do PCdoB protocola projeto que tem o objetivo de regular atividades da imprensa; Ideia de conselho de comunicação é criticada pela base governista na Casa

Depois de Bahia, Alagoas, Piauí e Ceará, a Assembleia de Minas irá analisar a criação de um conselho de comunicação para regular a atividade da mídia. O projeto de lei, protocolado anteontem na Casa pelo deputado estadual Carlin Moura (PCdoB), pretende acompanhar a execução da política de comunicação no Estado.

De acordo com o deputado, a proposta “é idêntica a dos outros Estados”. No texto do projeto, apesar da garantia de liberdade de informação, é estabelecido como competências do conselho realizar o acompanhamento do desempenho e da atuação dos meios de comunicação. Ele ressalta que a criação desses conselhos foi sugerida durante a primeira Conferência Nacional de Comunicação.

O líder da base governista, Mauri Torres (PSDB), afirma que a proposta não tem chance de prosperar em Minas. “Não é positiva a criação desse conselho. Controlar os meios de comunicação é ruim para a democracia. Acredito que o governo não vai se posicionar a favor disso”, ressaltou.

O governador Antonio Anastasia (PSDB) já se manifestou várias vezes contrário a qualquer tipo de restrição à liberdade de imprensa. Questionado sobre a criação de um conselho em Minas Gerais, como se tenta em outros Estados, afirmou que desde 1989 está previsto na Constituição a criação de um conselho estadual de comunicação, mas lembrou que órgão nunca foi criado e “não há nenhuma intenção de implementá-lo”.

Carlin Moura destaca, no entanto, que o objetivo da proposta não é censurar a imprensa. “Liberdade de imprensa não é só o meio de comunicação falar o que pensa. É garantir voz às minorias”. Ele acredita na aprovação do projeto, que ainda não começou a tramitar na Assembleia de Minas.

Reações
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já se posicionaram contra a criação dos conselhos estaduais.

Sérgio Rodrigues Leonardo, conselheiro da OAB de Minas, afirmou que a entidade em Minas é veementemente contra esse tipo de iniciativa. “Já existem mecanismos legais para conter esses abusos da mídia”, disse.

A proposição do deputado Carlin surpreendeu. Rodrigues Leonardo havia avaliado que em Minas, diferentemente de outros Estados, não tinha espaço para esse tipo de iniciativa.

Tramitação
Avaliação. O projeto deverá ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça. Caso seja confirmada a sua constitucionalidade, a proposição será analisada pela Comissão de Comunicação da Casa.

Nordeste
Estados já têm projetos semelhantes
Enquanto o Ceará foi o primeiro Estado brasileiro a propor a criação do conselho de comunicação – a proposta já foi aprovada por seus deputados -, no Piauí, o projeto semelhante foi rechaçado publicamente pelo governador Wellington Dias (PT). Ele o considerou inconstitucional e afirmou que a matéria é de competência da União e não dos Estados.

Em Alagoas, o governo estuda transformar o conselho consultivo já existente, mas inoperante, em órgão com poder de decisão semelhante ao que foi aprovado no Ceará. Mas, os deputados ainda não aprovaram a proposta. O mesmo ocorre na Bahia, onde tramita proposta similar.


Fonte - Estado de Minas 28/10/2010: “Controle da mídia ameaça Minas”
 

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Parlamentares do PT articulam iniciativas contra a liberdade de imprensa


Governos de pelo menos seis estados analisam ou preparam propostas para fiscalizar a imprensa e as emissoras de rádio e TV. Para a OAB, a criação de conselhos de comunicação é inconstitucinal.

TV Globo/Jornal Nacional, em 26/10/2010: “Parlamentares estudam iniciativas contra a liberdade de imprensa”

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Liberdade de expressão: OAB do Ceará critica projeto de controle da mídia


"Da forma como está, ele cerceia a plena liberdade de expressão e é inconstitucional"

Por Isabela Martin, de O Globo

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), Valdetário Mota, disse nesta quinta-feira que o projeto indicativo que propõe a criação do Conselho estadual de Comunicação não é inconstitucional e cerceia a plena liberdade de expressão. De autoria da deputada estadual Raquel Marques (PT), a proposta foi aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa do Ceará na última terça-feira e foi encaminhada para o governador Cid Gomes (PSB).

Segundo ele, uma análise preliminar do projeto causou "preocupação". Valdetário Mota afirmou que o artigo 224 da Constituição Federal prevê que nenhum projeto de lei poderá tratar de matéria que afete a liberdade de expressão jornalística.

- Da forma como está (o projeto indicativo), ele cerceia a plena liberdade de expressão e é inconstitucional - criticou o presidente da OAB. - Usar a palavra monitorar é preocupante.

De acordo com ele, o Conselho Nacional de Comunicação Social, criado em 1991, está previsto pela Constituição, mas o órgão não tem poderes de fiscalização.

Presidente da Ordem pede estudo sobre projeto
O presidente da OAB do Ceará já determinou que a comissão de estudos constitucionais da entidade aprofunde a análise sobre o projeto.

Outro aspecto preocupante, de acordo com Valdetário Mota, é a obrigatoriedade de os conselheiros serem cadastrados na Secretaria da Casa Civil, ligada diretamente ao gabinete do governador:

- Isso demonstra um acompanhamento muito claro do governador.

O PSDB do Ceará soltou nota de repúdio, afirmando que o projeto indicativo de autoria da deputada do PT é uma forma de "censura que se consolida nos governos autoritários da Venezuela e da Argentina e tem no Brasil o presidente Lula como fiador". A nota observa ainda que expressões como "controle social" servem para disfarçar e verdadeira intenção de impedir que a imprensa denuncie escândalos governamentais.